William Meade (Bill) tem mais de 25 anos em experiência internacional, especializando-se em energia, meio ambiente e crescimento econômico.

Ele deu suporte a órgãos do governo, associações da indústria e empresas privadas no projeto e implementação de energia renovável, eficiência energética, avaliação de impactos ambientais, gestão ambiental, desenvolvimento econômico rural e turismo sustentável.

A experiência de Bill inclui projetos em mais de 30 países na África, Ásia, Caribe, Europa, América Latina e Oriente Médio. Ele trabalhou com uma variedade de organizações patrocinadoras, incluindo o Banco de Desenvolvimento Asiático, União Europeia, Banco de Desenvolvimento Inter Americano, U.S. Agency for International Development (USAID – Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional) e o Banco Mundial.

Bill iniciou seus trabalhos com energia alternativa após concluir seu bacharelado em energia e gestão ambiental na Universidade de Brown. Antes de ir para a Tetra Tech, sua experiência incluiu o trabalho em algumas das primeiras políticas nacionais de energia renovável nos Estados Unidos.


Você trabalhou em tudo, desde o turismo sustentável à energia renovável. Como foi a evolução de seu trabalho?

Iniciei criando um pequeno departamento de energia renovável dentro da empresa e fiz a transição para o trabalho com projetos de gestão ambiental, principalmente para o setor industrial.

Então a USAID solicitou assistência com projetos-piloto para implantar auditorias ambientais para o turismo sustentável no Caribe – água, energia e resíduos. O projeto de 18 meses foi prorrogado várias vezes e se tornou um programa de sete anos que foi fundamental para o movimento do turismo sustentável. Isto nos ajudou a evoluir para um departamento de turismo sustentável que atua do Caribe ao Mar Vermelho e Ásia.

Hoje estamos trabalhando mais em eficiência energética e mudanças climáticas. Desta forma, no Caribe passamos de turismo sustentável à implementação do primeiro Mecanismo de Desenvolvimento Limpo regional e programado. Isto permitirá que os hotéis inscrevam suas atividades de redução de emissões provenientes de eficiência energética e energia renovável em pequena escala, para se qualificarem a créditos certificados de redução de emissões, que podem ser vendidos para países industrializados ou corporações de modo a ajudar a atender suas metas de redução de emissões.

Agora, 30 anos depois, estou novamente focado em energia renovável e eficiência energética. Agora atuo no desenvolvimento de programas, políticas e projetos como Coordenador do Projeto Indonesia Clean Energy Development (ICED – Desenvolvimento de Energia Limpa na Indonésia) da USAID. A Indonésia está no início da fase de desenvolvimento em termos de políticas e maturidade da indústria, então isto é similar aos trabalhos que realizei no início de minha carreira nos Estados Unidos, mas com avanços significativos em tecnologia e esquemas de incentivos.

Por que o desenvolvimento da energia limpa na Indonésia é agora uma prioridade?

A Indonésia está entre os maiores emissores de gases do efeito estufa do mundo. Então não existe solução para a questão das mudanças climáticas sem a Indonésia. Após estar relativamente isolada por muitos anos, a Indonésia agora se vê exercendo um papel de liderança na redução de emissões de carbono e alcançando a independência energética.

A Indonésia tem um ecossistema frágil e importante. Eles têm algumas das maiores faixas de floresta tropical contíguas e estão enfrentando problemas com o desflorestamento. E haja vista que seu país está situado no Círculo de Fogo do Pacífico, está sob ameaça de desastres naturais. Além disso, a demanda por eletricidade está crescendo em 7% a 10% ao ano. E quase um quarto das residências da Indonésia ainda não possui acesso à eletricidade.

A Indonésia anunciou metas bastante agressivas para reduzir as emissões em até 26% até o ano de 2020 – ou 41% com assistência estrangeira. Os Estados Unidos têm um compromisso comercial bilateral e empenho de investimento com a Indonésia, assim como uma resolução do Congresso para que estas verbas sejam usadas na questão das mudanças climáticas globais. A Noruega e outros países também empenharam verbas significativas.

O projeto ICED está ajudando a Indonésia a cumprir seus compromissos relacionados à segurança energética e mudanças climáticas. A Tetra Tech ARD está gerenciando um programa de florestamento paralelo relacionado às metas de redução de emissões. Este programa melhora o sequestro de carbono, e o ICED reduz as emissões do setor energético.

O desenvolvimento da energia limpa traz outros benefícios para a Indonésia?

O abastecimento de energia da Indonésia é dominado por combustíveis fósseis. Seu governo subsidiou bastante o custo do diesel nos setores de transporte e energia, e os subsídios representam cerca de um terço do orçamento nacional do país. Assim, é de interesse fiscal do país gerar eletricidade a partir de qualquer fonte que seja mais barata que queimar óleo diesel.

O país é formado por pequenas ilhas e é bastante descentralizado. Esta dependência do diesel significa que o combustível tem que ser levado às ilhas em barcaças. Recentemente, mares revoltos impediram o abastecimento de diesel para a ilha de Nias, na costa sul de Sumatra, e toda a ilha ficou sem eletricidade durante dias.

A situação atual não está funcionando, portanto a companhia elétrica nacional (PLN) surgiu como o principal parceiro do projeto ICED. Estamos trabalhando com o governo nacional, e também com autoridades regionais e locais para atender às necessidades de energia em todos os níveis. Os projetos dependem de fontes naturais, como energia hidrelétrica, biomassa, solar, eólica e biocombustíveis.

Também estaremos trabalhando em áreas que não estão interligadas à rede de eletricidade, fornecendo energia a pequenas clínicas, escolas e residências em comunidades remotas. Nestes casos, não estamos apenas reduzindo as emissões, mas também fornecendo acesso à energia em áreas que não eram servidas, mais provavelmente substituindo carvão vegetal e lenha.

Ao todo o ICED tem o potencial de ajudar a Indonésia a se tornar líder neste campo, o que significa maiores oportunidades econômicas.

Qual o maior desafio deste projeto?

Com relação a países que tiveram programas de sucesso, a Indonésia ainda não passou da fase de políticas para a implementação e coordenação na administração do programa. Nosso foco no âmbito programático é trazer os elementos reais para fazer o programa acontecer e criar o mercado de maneira sistemática. A Indonésia é propícia a ter sucesso, mas precisa progredir de modo estratégico. Por exemplo, as metas de mudanças climáticas e diversificação energética são estabelecidas sem um plano bem definido de como alcançá-las.

O maior desafio é que os resultados do ICED são vinculados ao desenvolvimento de projetos comerciais. Embora a Indonésia tenha um enorme potencial em recursos renováveis e os investidores e bancos estejam dispostos a financiar os projetos, o governo da Indonésia não estabeleceu incentivos suficientes, como o preço de compra de eletricidade para projetos de energia renovável. Atualmente o ICED está auxiliando mais de 100 projetos com capacidade de geração combinada de quase 700 MW. Entretanto, muitos dos projetos estão parados, esperando maiores tarifas de estímulo e a concretização de incentivos fiscais do governo.

Como este projeto representa a experiência em energia da Tetra Tech nos países em desenvolvimento?

A Tetra Tech oferece a seus clientes soluções reais para suas necessidades de segurança energética e compromissos de redução de emissões de gases do efeito estufa. Em vez de apenas fazer políticas, temos a habilidade de assumir um projeto como um todo, desde o financiamento, construção e operações. Temos uma posição exclusiva para atuar em todo o ciclo de vida dos projetos. É uma ótima hora de estar trabalhando neste campo e para a Tetra Tech estar moldando o mercado.